Recolhimento do Anjo à Porta do Olival \ Álvaro Domingues



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Recolhimento do Anjo à Porta do Olival
Álvaro Domingues
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Postal illustrado

Nos idos de setecentos existia aqui o Recolhimento do Anjo à Porta do Olival, para protecção de donzellas honradas e pessoas virtuozas de puro e limpo sangue, nas palavras da caridosa testamentária que esta obra pagou. Veio depois o anti-Cristo, os liberais e as guerras, foi-se o Recolhimento em fanicos, veio o mercado do Anjo, a Praça de Lisboa (má escolha de mafarrico que enxofrou este lugar), os fanicos segundos, o Clérigos Shopping e tudo e tudo, os fanicos terceiros e agora o renascimento com nome de Passeio dos Clérigos: o acabamento da cobertura será essencialmente verde dando origem a um jardim suspenso pontuado por árvores em pleno coração da cidade. Como espécie arbórea, é proposta a Oliveira evocando a memória do antigo Campo do Olival. Uma grande parte da área da cobertura é acessível. Em suma, procurou-se uma solução arquitectónica que, com total consciência e respeito pela importância patrimonial da envolvente, procura um diálogo com essa mesma envolvente, com a consciência de também ela própria estar a criar património e a deixar uma marca na história da cidade. Não sei que mais dizer. Em meados de Novembro começa a apanha da azeitona para o azeite que alumeia o Santíssimo e talha a zipela. Onde cuidavam outros que havia violinos, cresceram-me oliveiras no telhado e assim se me dobraram os trabalhos. Que longos e afadigados dias passarei neste olival por sobre esta memória em ruínas.
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Fontes preciosas:
Elisabete M.S. de JESUS (2006), Poder, caridade e honra : o Recolhimento do Anjo do Porto: 1672-1800, Porto (Edição do Autor), http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/19406
Premio Nacional de Reabilitação Urbana da publicação Vida Imobiliária, http://www.premio.vidaimobiliaria.com/node/39