O
movimento pelas cidades-estado corporativas mal pode acreditar na sua sorte. Há
anos que vem promovendo a noção extrema de que as pessoas ricas avessas aos
impostos deviam simplesmente criar os seus próprios feudos de alta tecnologia,
seja na forma de novos países em ilhas artificiais em águas internacionais ou
de «freedom cities» pró-negócios como Próspera, uma espécie de condomínio
fechado enaltecido combinado com um spa médico desregulado numa ilha
hondurenha. Apesar do apoio de grandes figuras do capital de risco como Peter
Thiel e Marc Andreessen, os seus sonhos libertários extremos vinham-se
debatendo com dificuldades: acontece que a maioria das pessoas ricas com algum
sentido de dignidade, na verdade, não quer viver em plataformas petrolíferas,
mesmo que isso signifique pagar menos impostos e, embora Próspera possa ser
agradável para umas férias e alguns «upgrades» corporais, o seu estatuto
extra-nacional está actualmente a ser contestado pela justiça.
Agora,
subitamente, essa rede de secessionistas corporativos, outrora marginais,
encontra-se a bater às portas escancaradas do centro morto do poder global. O
primeiro sinal de que os ventos mudavam deu-se em 2023, quando Donald Trump, em
campanha, sem razão aparente, prometeu lançar um concurso com vista à criação
de dez «freedom cities» em território federal. O balão de ensaio passou
despercebido, perdido no dilúvio diário de declarações escandalosas. Porém,
desde que a nova administração assumiu o poder, aspirantes a fundadores de países
têm levado a cabo uma verdadeira ofensiva lobista, determinada a transformar a
promessa de Trump numa realidade.
«A
energia em Washington D.C. está absolutamente electrizante», disse com
entusiasmo Trey Goff, chefe de gabinete de Próspera, após uma viagem ao Capitólio.
Segundo este, a legislação que abrirá caminho para uma série de cidades-estado
corporativas deve estar concluída até o fim do ano. Inspirados numa leitura
enviesada do filósofo político Albert Hirschman, figuras como Goff, Thiel e o
investidor e escritor Balaji Srinivasan têm defendido aquilo a que chamam «exit»
— o princípio de que aqueles que dispõe de meios têm o direito de se subtraírem
às obrigações da cidadania, especialmente aos impostos e às regulações
onerosas. Reestruturando e renovando antigas ambições e privilégios imperiais, o
seu sonho está em poder estilhaçar governos e retalhar o mundo em refúgios
hiper-capitalistas, livres de democracia, sob o controlo exclusivo dos
ultra-ricos, protegidos por mercenários privados, servidos por robôs com
inteligência artificial e financiados por cripto-moedas.
Poder-se-ia
presumir que é contraditório para Trump, eleito numa plataforma sob a bandeira
nacionalista do «America First», dar crédito a essa visão de territórios
soberanos governados por reis-deuses bilionários. E muito se tem dito sobre as
trocas de insultos coloridos entre o porta-voz do movimento MAGA Steve Bannon,
um populista e nacionalista convicto, e os bilionários aliados de Trump, que
atacou como «tecno-feudalistas» que «se estão perfeitamente a lixar para o ser
humano» — já para nem falar do Estado-nação. Os conflitos internos na
improvisada e esquisita coligação de Trump existem certamente, tendo atingido
recentemente um ponto de ebulição em torno das tarifas. Ainda assim, as visões
de fundo talvez não sejam tão incompatíveis quanto parecem à primeira vista.
A
facção do «país-startup» antevê claramente um futuro marcado por
choques, escassez e colapso. Os seus enclaves privados altamente tecnológicos são
essencialmente concebidos como cápsulas de escape fortificadas, projectadas
para que um grupo exclusivo desfrute de todo luxo possível e de oportunidades
de optimização humana — garantindo a estes e aos seus filhos uma vantagem num
futuro cada vez mais bárbaro. Dito de forma crua, os indivíduos mais poderosos
do mundo estão a preparar-se para o fim
do mundo — um fim que eles próprios estão a acelerar freneticamente. Isto não
está assim tão distante da visão mais popularizada das nações-fortaleza que
tomou conta da extrema-direita global — de Itália a Israel, da Austrália aos
Estados Unidos: num tempo de perigo permanente, movimentos abertamente
supremacistas nesses países estão a posicionar os seus Estados, relativamente
ricos, como bunkers armados. Esses bunkers são brutais na sua
determinação a expulsar e aprisionar seres humanos indesejados (mesmo que isso
exija confinamento indefinido em colónias penais extraterritoriais, como a Ilha
de Manus ou Guantánamo), e igualmente implacáveis na sua predisposição para
reivindicar violentamente terras e recursos (água, energia, minerais críticos)
que considerem essenciais para suportar os choques que estão por vir.
Curiosamente,
numa altura em que as elites de Silicon Valley, outrora seculares, estão
subitamente a «encontrar Jesus», é digno de nota que ambas as visões — a do
Estado corporativo de acesso prioritário e a da nação-bunker de massas —
têm muito em comum com a interpretação fundamentalista cristã do Arrebatamento
bíblico: quando os fiéis serão, supostamente, elevados a uma cidade dourada no Céu,
enquanto os condenados serão deixados cá em baixo, na Terra, para enfrentar uma
batalha final apocalíptica. Se pretendemos enfrentar este momento crítico da
história, temos de ter em conta que não estamos perante os mesmos adversários
do passado. Estamos perante um fascismo do fim dos tempos.
Reflectindo
sobre a sua infância na Itália de Mussolini, o romancista e filósofo Umberto
Eco observou, num ensaio célebre, que o fascismo é tipicamente marcado por um «complexo
de Armagedão» — uma obsessão com a aniquilação dos inimigos numa grande batalha
final. Mas o fascismo europeu dos anos trinta e quarenta também tinha um
horizonte: uma visão futura de uma era dourada depois do banho de sangue que,
pelo menos para os seus, seria pacífica, pastoril e purificada. Hoje, não é
assim.
Conscientes
da nossa era de genuíno perigo existencial — do colapso climático à guerra
nuclear, passando pela desigualdade galopante e pela inteligência artificial
desregulada — mas financeira e ideologicamente comprometidos com o
aprofundamento dessas ameaças, os movimentos da extrema-direita contemporânea
carecem de qualquer visão credível para um futuro esperançoso. Ao cidadão
comum, é apenas oferecida uma reciclagem nostálgica de um passado perdido,
acompanhada dos prazeres sádicos da dominação sobre uma amálgama de outros
desumanizados em perpétua expansão. Nesse sentido, veja-se a dedicação da
administração de Trump na difusão do seu fluxo constante de propaganda, tanto
real como gerada por IA, concebida exclusivamente para esses propósitos pornográficos.
Imagens de imigrantes algemados a serem carregados em voos de deportação, ao
som do tilintar das correntes e das algemas a trancar, que a conta oficial da
Casa Branca na plataforma X rotulou como «ASMR». uma referência a conteúdos
sonoros supostamente criados para relaxar o sistema nervoso. Ou a mesma conta a
partilhar a notícia da detenção de Mahmoud Khalil, residente permanente nos EUA
e participante no acampamento pró-Palestina da Universidade de Columbia, com as
palavras trocistas: «SHALOM, MAHMOUD». Ou ainda uma série de sessões fotográficas,
em estilo sádico-chique, da Secretária de Segurança Interna Kristi Noem
(montada a cavalo na fronteira EUA-México, em frente a uma cela sobrelotada em
El Salvador, ou a empunhar uma metralhadora enquanto prende imigrantes no
Arizona...).
A
ideologia dominante da extrema-direita na nossa era dos desastres galopantes
tornou-se numa monstruosa preparação
sobrevivencialista e supremacista. É, sim, aterradora na sua perversidade. Mas
também abre possibilidades potentes de resistência. Apostar contra o futuro
nesta escala — confiar no próprio bunker — é trair, ao nível mais básico, os deveres
que temos uns para com os outros, para com os filhos que amamos e para com
todas as outras formas de vida que partilham connosco este lar planetário. Este
é um sistema de crenças que é genocida e, no seu âmago, uma traição à maravilha
e à beleza deste mundo. Acreditamos que, quanto mais pessoas compreenderem até
que ponto a direita sucumbiu ao complexo do Armagedão, mais estarão dispostas a
lutar, ao entenderem que, agora, absolutamente tudo está em risco.
Os
nossos adversários sabem perfeitamente que estamos a entrar numa era de emergência,
mas responderam abraçando ilusões letais e egoístas. Tendo investido em várias
fantasias de apartheid e segurança em bunkers, estão a escolher
deixar a Terra arder. A nossa tarefa é construir um movimento amplo e profundo,
tão espiritual quanto político, forte o suficiente para travar estes traidores
dementes. Um movimento enraizado num compromisso firme entre todos, transversal
a todas as nossas muitas diferenças e divisões, e com este planeta singular e
milagroso.
Até
há pouco tempo, eram sobretudo os fundamentalistas religiosos que acolhiam os
sinais do apocalipse com um entusiasmo jubiloso pelo tão esperado
Arrebatamento. Trump entregou cargos cruciais a pessoas que subscrevem essa
ortodoxia flamejante, incluindo vários sionistas cristãos que olham para o uso
da violência aniquiladora por Israel, para expandir o seu domínio territorial,
não como atrocidades ilegais, mas como evidências auspiciosas de que a Terra
Santa se aproxima das condições sob as quais o Messias regressará e, com ele, o
seu reino celestial.
Mike
Huckabee, recentemente confirmado como embaixador de Trump em Israel, tem laços
fortes com o sionismo cristão, tal como Pete Hegseth, o seu secretário da
Defesa. Noem e Russell Vought, arquitecto do «Projecto 2025» que lidera
actualmente o gabinete de orçamento e gestão, são ambos defensores fervorosos
do nacionalismo cristão. Até Peter Thiel, que é homossexual e conhecido pelo
seu estilo de vida festivo, se tem feito ouvir a divagar sobre a chegada do
Anticristo (spoiler: ele acha que é a Greta Thunberg — haverá mais sobre
isto, adiante).
Mas
não é preciso ser literalista bíblico ou sequer religioso para ser um fascista
do fim dos tempos. Hoje, muitas pessoas poderosas e seculares abraçaram uma visão
do futuro que segue um guião praticamente idêntico, no qual o mundo tal como o
conhecemos colapsa sob o próprio peso, e só um grupo restrito de «eleitos»
sobrevive e prospera em diversos tipos de arcas, bunkers e «freedom
cities» encerradas. Num artigo académico de 2019 intitulado Left Behind:
Future Fetishists, Prepping and the Abandonment of Earth, as investigadoras
em comunicação Sarah T. Roberts e Mél Hogan descreveram este anseio por um
Arrebatamento secular: «No imaginário aceleracionista, o problema do futuro não
é sobre mitigar danos, impor limites ou restaurar equilíbrios, mas antes uma
política orientada para o fim dos tempos».
Elon
Musk, que aumentou drasticamente a sua fortuna ao lado de Thiel na PayPal,
personifica este ethos implosivo. Trata-se de alguém que olha para as
maravilhas do céu nocturno e, ao que parece, só vê ali oportunidades para
preencher aquela treva desconhecida com o seu próprio lixo espacial. Embora
tenha polido a sua reputação ao alertar para os perigos da crise climática e da
IA, ele e os seus lacaios do chamado Departamento de Eficiência Governamental
(DOGE) passam agora os seus dias a escalar esses mesmos riscos (e muitos
outros), desmantelando, não apenas regulações ambientais, mas agências
reguladoras inteiras — com o aparente objectivo de substituir funcionários
federais por chatbots.
Quem
precisa de um Estado-nação funcional quando o espaço sideral — agora, segundo
consta, a única obsessão de Musk — chama
por nós? Para Musk, Marte tornou-se numa espécie de arca secular, que ele
reclama ser essencial para a sobrevivência da civilização humana, talvez por
via da transferência de consciências para uma inteligência artificial geral.
Kim Stanley Robinson, autor da trilogia de ficção científica Mars Trilogy,
que aparenta ter, em parte, inspirado Musk, é claro quanto aos perigos das
fantasias dos bilionários em torno da colonização de Marte. Segundo ele, são «apenas
um perigo moral que cria a ilusão de que podemos arruinar a Terra e continuar
bem. Isso é totalmente falso».
Tal
como os fanáticos religiosos dos fins dos tempos, que anseiam por escapar ao
reino corpóreo, o anseio de Musk por uma humanidade «multiplanetária» nasce da
sua incapacidade de apreciar o esplendor multi-espécie do nosso único lar.
Visivelmente desinteressado na vasta riqueza que o rodeia ou em garantir que a
Terra continue a vibrar com diversidade, prefere usar a sua vasta fortuna para
desencadear um futuro em que sobrevive apenas um punhado de pessoas e de robôs
em dois planetas estéreis (uma Terra radicalmente esgotada e um Marte
terraformado). De facto, numa estranha reinterpretação da Arca de Noé, Musk e
os seus colegas bilionários da alta tecnologia, tendo-se arrogado poderes quase
divinos, não se contentam em apenas construir as arcas — ao que parece, estão
empenhados em desencadear o próprio dilúvio. Os líderes da direita actual e os
seus aliados ricos não estão apenas a tirar partido das catástrofes, à maneira
da «doutrina do choque» e do capitalismo de desastre — estão simultaneamente a
provocá-las e a preparar-se para elas.
Mas,
então, e a base MAGA? Nem todos são suficientemente crentes para acreditar
seriamente no Arrebatamento, e é certo que a maioria não tem dinheiro para
garantir um lugar numa «freedom city», quanto mais numa nave espacial. Não
temais. O fascismo do fim dos tempos promete muitas outras arcas e bunkers bem
mais acessíveis, estes, ao alcance dos soldados rasos. Ouvir o podcast diário
de Steve Bannon — que se apresenta como o principal órgão de comunicação da MAGA
— é ser bombardeado com uma única mensagem: o mundo está a caminho do inferno,
os infiéis estão a romper as barricadas e uma batalha final está próxima. É
preciso estar preparado. A mensagem de preparação sobrevivencialista torna-se
especialmente evidente quando Bannon passa à publicidade agressiva dos seus
patrocinadores. Compra ouro da Birch Gold, diz ele à sua audiência,
porque a economia endividada dos EUA vai colapsar e não se pode confiar nos
bancos. Abastece-te com refeições prontas a comer da My Patriot Supply.
Aperfeiçoa a tua pontaria no tiro ao alvo com um sistema de mira a laser que
pode ser usado em casa. A última coisa que vais querer, lembra Bannon, é
depender do governo num cenário de desastre (fica por dizer: especialmente
agora que os rapazes do DOGE estão a vender o governo às peças).
Bannon
não se limita a instigar o seu público a construir os seus próprios bunkers,
também promove uma visão do seu próprio país como um bunker, um lugar
onde agentes do ICE sondam as ruas, os locais de trabalho e campus universitários,
fazendo desaparecer todos aqueles tidos como inimigos da política e dos
interesses dos EUA. A nação-fortaleza está no coração da agenda MAGA e do
fascismo do fim dos tempos. Dentro dessa lógica, o primeiro passo é endurecer
as fronteiras nacionais e expurgar todos os inimigos, estrangeiros e domésticos.
Esse trabalho sujo já está bem adiantado: a administração Trump, com o apoio do
Supremo Tribunal de Justiça, invocou a Lei dos Inimigos Estrangeiros (Alien
Enemies Act) para deportar centenas de imigrantes venezuelanos para Cecot,
a hoje infame mega-prisão em El Salvador. Essa instalação, onde os prisioneiros
têm a cabeça rapada e são empilhados, até aos cem, numa única cela provida
apenas de beliches nus, opera sob um «estado de excepção» demolidor das
liberdades civis, declarado há mais de três anos pelo primeiro-ministro do país,
o sionista cristão e entusiasta de criptomoedas, Nayib Bukele .
Bukele
ofereceu-se para providenciar o mesmo sistema de serviços à la carte
para cidadãos dos EUA que a administração queria despejar num buraco negro
judicial. «I love that», respondeu Trump recentemente, ao ser
questionado sobre a proposta. Não é surpreendente: Cecot é o corolário doentio,
embora lógico, do sonho da «freedom city»: uma zona onde tudo está
à venda e o devido processo legal não se aplica. Devemos esperar muito mais
deste tipo de sadismo. Numa declaração arrepiante pela sua franqueza, o
director interino do ICE, Todd Lyons, disse na Expo de Segurança de Fronteiras
de 2025 que queria ver uma abordagem às deportações mais orientada para os «negócios» — «como o [Amazon] Prime, mas com seres
humanos».
Se o
policiamento das fronteiras da nação-fortaleza é a tarefa prioritária do
fascismo do fim dos tempos, a segunda tarefa, igualmente importante, é que o
governo dos EUA reclame para si todos os recursos de que os seus cidadãos
protegidos necessitem para suportar os tempos difíceis que se avizinham. Talvez
seja o canal do Panamá. Ou as rotas marítimas abertas pelo degelo acelerado na
Gronelândia. Ou os minerais críticos da Ucrânia. Ou a água doce do Canadá.
Devemos pensar menos nisso como um imperialismo à antiga, e mais como uma
preparação sobrevivencialista de larga escala, ao nível do Estado-nação. Já vão
distantes os velhos pretextos coloniais de espalhar a democracia ou a palavra
de Deus — quando Trump perscruta o globo com cobiça, o que ele pretende é
abastecer-se de recursos para enfrentar o colapso civilizacional.
Esta
mentalidade de bunker também serve para explicar as incursões
controversas de J.D. Vance na teologia católica. O vice-presidente, que, em
grande parte, deve a sua carreira política ao patrocínio do mais destacado prepper
[1], Peter Thiel, explicou à Fox News que, de acordo com o
conceito medieval cristão de ordo amoris (traduzido como «ordem do amor»
ou «ordem de caridade»), o amor não é devido àqueles que estão fora do bunker.
«Amas a tua família e depois o teu vizinho e então amas a tua comunidade e
depois os teus concidadãos, no teu país. E só depois disso, eventualmente,
poderás focar-te em priorizar o resto do mundo.» (Ou não, como sugere a política
externa da administração de Trump). Por outras palavras, não devemos nada a
quem está fora do nosso búnquer.
1. O termo prepper
aplica-se aos seguidores do movimento da preparação sobrevivencialista.
Embora
esta corrente nasça de tendências persistentes na direita — justificar exclusões
odiosas não é uma novidade sob o espectro do etno-nacionalismo — nós,
simplesmente, nunca estivemos perante uma corrente apocalíptica tão poderosa no
governo. A crença arrogante no «fim da história», após o fim da guerra fria,
está a ser rapidamente suplantada pela convicção de que estamos, de facto, no
fim dos tempos. O DOGE pode disfarçar-se sob a bandeira da «eficiência» económica
e os lacaios de Musk podem evocar os «Chicago Boys», o grupo de
economistas chilenos formados nos EUA que desenvolveram a terapia de choque
económica para o regime ditatorial de Pinochet, mas isto não é simplesmente uma
repetição do velho casamento entre neoliberalismo e neoconservadorismo.
É
uma nova fusão milenarista e veneradora do dinheiro, que diz que é preciso
destruir a burocracia e substituir humanos por chatbots para eliminar «desperdício,
fraude e abuso» — e, também, porque a burocracia é onde se escondem os demónios
que resistem a Trump. É aqui que os tech bros se fundem com os theobros,
um grupo real de supremacistas cristãos hiper-patriarcais, com ligações a
Hegseth e outros membros da administração Trump.
Tal
como aconteceu desde sempre com o fascismo, o complexo do Armagedão actual é
transversal a divisões de classe, unindo os bilionários à base MAGA. Graças a décadas
de aprofundamento das tensões económicas, somadas a uma campanha incessante e hábil
de mensagens que colocam trabalhadores uns contra os outros, muitas pessoas
sentem-se compreensivelmente incapazes de se proteger da desintegração que as
rodeia (por mais meses de refeições
prontas a comer que consigam acumular). Mas há compensações emocionais ao seu
dispor: resta-lhes aplaudir o fim das políticas de acção afirmativa e da DEI (Diversidade,
Equidade e Inclusão), glorificar a deportação em massa, regozijar-se com a
recusa de cuidados de afirmação de género a pessoas trans, demonizar
professores e profissionais de saúde que «acham que sabem mais do que os outros»
e celebrar o desmantelamento das regulações económicas e ambientais como forma
de «humilhar os liberais». O fascismo do fim dos tempos é um fatalismo
sombriamente festivo — um refúgio final para quem acha mais fácil celebrar a
destruição do que imaginar uma vida sem supremacia. É também um círculo vicioso
de declínio: os ataques furiosos de Trump a todas as estruturas criadas para
proteger o público de doenças, de alimentos perigosos e desastres (ou até para
alertar o público de quando estes se aproximam) reforçam a lógica da preparação
sobrevivencialista, tanto entre os mais ricos como entre os mais pobres, tudo
isto enquanto criam inúmeras oportunidades de privatização e de lucro para os
oligarcas que potenciam este desmantelamento vertiginoso do Estado social e
regulatório.
No
início do primeiro mandato de Trump, a New Yorker investigou um fenómeno
que descreveu como «preparação dos super-ricos para o apocalipse». Já então era
claro, em Silicon Valley e em Wall Street, que os mais sérios
sobrevivencialistas de topo se estavam a precaver contra o colapso climático e
social, comprando espaço em bunkers subterrâneos personalizados e
construindo casas-refúgio em terrenos elevados, em locais como o Havai (onde
Mark Zuckerberg desvalorizou o seu abrigo subterrâneo de 450 metros quadrados
como sendo apenas «um pequeno refúgio») e a Nova Zelândia (onde Thiel adquiriu
quase 200 hectares, mas viu o seu plano de construir um complexo de luxo para
sobrevivencialistas ser rejeitado pelas autoridades locais, em 2022, por se
tratar de uma aberração paisagística).
Este
milenarismo está ligado a um conjunto de outras modas intelectuais de Silicon
Valley, assentes numa crença apocalíptica de que o nosso planeta caminha para
um cataclismo e que é tempo de tomar decisões difíceis sobre que partes da
humanidade poderão ser salvas. O transumanismo é uma dessas ideologias,
abrangendo desde «aperfeiçoamentos» menores entre humanos e máquinas, até ao
objectivo de transferir a inteligência humana para uma, ainda apenas imaginada,
inteligência artificial geral. Existem ainda o «altruísmo eficaz» e a «longotermismo»
[longtermism], que contornam abordagens redistributivas para ajudar quem
precisa no presente, preferindo uma lógica de custo-benefício focada em fazer «o
máximo de bem possível» numa perspectiva de longo termo.
Embora
possam parecer benignas à primeira vista, estas ideias estão impregnadas de
preconceitos raciais, capacitistas e de género perigosos, sobre as partes da
humanidade que merecem ser aperfeiçoadas e salvas — e as que podem ser
sacrificadas em nome de um suposto bem maior. Também partilham uma notória
falta de interesse em confrontar urgentemente as causas profundas do colapso —
um objectivo responsável e racional que um número crescente de figuras rejeita
activamente. Em vez do «altruísmo eficaz», Andressen, uma presença habitual em
Mar-a-Lago, e outros, adoptaram o chamado «aceleracionismo eficaz», ou seja, a «propulsão
deliberada do desenvolvimento tecnológico» sem quaisquer restrições.
Entretanto,
outras filosofias ainda mais sombrias estão a alcançar um público mais vasto,
como os delírios neo-reacionários pró-monárquicos do programador Curtis Yarvin
(outra pedra de toque intelectual de Thiel), ou a obsessão do movimento «pró-natalista»
em aumentar drasticamente o número de bebés «ocidentais» (uma fixação de Musk),
bem como a visão do «guru do êxodo» Srinivasan de uma São Francisco «tecno-sionista»,
onde os seguidores fiéis das corporações e as forças policiais se aliam para
levar a cabo uma limpeza política da cidade, expulsando os liberais, para dar
lugar ao seu Estado apartheid em rede.
Como
escreveram os estudiosos de IA Timnit Gebru e Émile P. Torres, embora os métodos
possam ser novos, este «pacote» de modas ideológicas «é descendente directo da
primeira vaga da eugenia», que também viu um pequeno subgrupo da humanidade
tomar decisões sobre que partes do todo valia a pena preservar e quais deviam
ser descontinuadas, expulsas ou terminadas. Até recentemente, poucos prestaram
atenção. Tal como Próspera, onde os membros já podem experimentar fusões
humanas com as máquinas, como ter as chaves do Tesla implantadas nas mãos,
estas modas intelectuais pareciam, até agora, meros passatempos marginais de
alguns poucos diletantes da Bay Area com excesso de cautela e dinheiro para
queimar. Já não é o caso.
Três
acontecimentos recentes aceleraram o apelo apocalíptico do fascismo do fim dos
tempos. O primeiro é a crise climática. Embora algumas figuras de destaque
ainda continuem a negar ou a minimizar publicamente a sua ameaça, as elites
globais, cujas propriedades costeiras e os centros de dados são intensamente
vulneráveis ao aumento das temperaturas e do nível do mar, são bem versadas nos
perigos ramificados de um mundo em aquecimento acelerado. O segundo é a
Covid-19: há muito que os modelos epidemiológicos previam a possibilidade
devastadora de uma pandemia no nosso mundo globalmente conectado; o seu
surgimento foi, para muitos poderosos, um sinal de que já entrámos oficialmente
naquilo que os analistas militares dos EUA projectaram como «a Era das Consequências».
Chega de previsões, já começou a desabar. O terceiro factor é o rápido avanço e
adopção da inteligência artificial, um conjunto de tecnologias que há muito tem
sido associado a terrores de ficção científica sobre máquinas que se voltam
contra os seus criadores com uma eficiência implacável — medos expressos com
particular veemência precisamente pelas pessoas que estão a desenvolver essas
tecnologias. Todas estas crises existenciais se sobrepõem na escalada de tensões
entre potências nucleares.
Nada
disto deve ser descartado como paranóia. Muitos de nós, sentimos a iminência do
colapso de forma tão aguda que lidamos com isso entretendo-nos com várias versões
da vida num bunker pós-apocalíptico — a assistir a Silo da Apple,
ou Paradise, no Hulu. Como nos recorda o analista e editor britânico
Richard Seymour, no seu recente livro Disaster Nationalism: O apocalipse
não é uma mera fantasia. Estamos a viver nele, afinal, desde os vírus mortais à
erosão dos solos, deste a crise económica ao caos geopolítico».
O
projecto económico Trump 2.0 é um monstro de Frankenstein composto pelas
indústrias que dirigem todas essas ameaças — combustíveis fósseis, armas e
tecnologias devoradoras de recursos como cripto-moedas e inteligência
artificial. Todos os envolvidos nesses sectores sabem que não há como construir
o mundo espelhado artificial que é prometido pela IA sem sacrificar este mundo —
essas tecnologias consomem demasiada energia, demasiados minerais críticos e
demasiada água para que os dois mundos possam coexistir em qualquer tipo de
equilíbrio. Este mês, o ex-executivo da Google Eric Schmidt admitiu isso mesmo
ao apresentar ao Congresso umas previsões que triplicam, nos próximos anos, as
já «profundas» necessidades energéticas da IA, sendo grande parte delas
provenientes de combustíveis fósseis, visto que a energia nuclear não estará
operacional a tempo. Este nível de consumo devastador é necessário, explicou
ele, para garantir uma inteligência «superior» à da humanidade, um deus digital
erguido das cinzas de um mundo que escolhemos sacrificar.
E
eles estão preocupados — só não com os perigos reais que estão a desencadear. O
que tira o sono aos líderes dessas indústrias interconectadas é a perspectiva
de um despertar civilizacional — de esforços governamentais sérios,
internacionalmente coordenados, para conter os seus sectores desgovernados
antes que seja tarde demais. Do ponto de vista das suas margens de lucro em
contínua expansão, o apocalipse não é o colapso; é antes a regulação.
O
facto de a previsão dos seus lucros assentar na devastação planetária ajuda a
explicar porque é que a retórica das «boas intenções» entre os poderosos está a
dar lugar à expressão aberta de desprezo pela própria ideia de que devemos algo
uns aos outros pelo simples facto de partilharmos uma condição humana. Silicon
Valley abandonou de vez o altruísmo, seja ele «eficaz» ou não. Mark Zuckerberg,
da Meta, anseia por uma cultura que celebre a «agressividade». Alex Karp, sócio
de Peter Thiel na empresa de vigilância Palantir Technologies, censura a «autoflagelação»
«falhada» daqueles que questionam a superioridade americana e os benefícios dos
sistemas autónomos de armas (e, por associação, os contratos militares
lucrativos que construíram a sua vasta fortuna). Musk informa Joe Rogan que a
empatia é «a fraqueza fundamental da civilização ocidental» e desabafa, depois
de falhar na sua tentativa de comprar uma eleição para o Supremo Tribunal no
Wisconsin: «Parece cada vez mais que a humanidade é apenas um bootloader
biológico para a superinteligência digital» [2]. Ou seja, nós,
humanos, não passamos de combustível para o Grok, o serviço de IA que ele detém.
(Ele já tinha dito que era «dark Maga» — e não está sozinho). Em
Espanha, um país árido e sob uma intensa pressão climática, um dos grupos que
exige uma moratória sobre novos centros de dados chama-se Tu Nube Seca Mi Río
— ou, em português, «A tua nuvem seca o meu rio». Um nome apropriado e não
apenas para Espanha.
2. Bootloader,
que pode ser traduzido para português como “carregador de inicialização”, é o
programa que serve para inicializar o computador e o sistema operativo.
Uma
escolha indescritivelmente sombria está a ser feita diante dos nossos olhos e
sem o nosso consentimento: máquinas acima de humanos, o inanimado acima do
animado, lucros acima de tudo. Com uma velocidade estonteante, os megalomaníacos
da big tech recuaram discretamente nas suas promessas de neutralidade
carbónica e alinharam-se a Trump, obstinados em sacrificar os recursos reais e
preciosos e a criatividade deste mundo no altar de um reino virtual e vampírico.
Este é o último grande assalto, estão a preparar-se para cavalgar as
tempestades que eles próprios estão a invocar — e tentarão difamar e destruir
quem quer que se atravesse no seu caminho.
Basta
olhar para a recente digressão de Vance pela Europa, onde o vice-presidente
fustigou líderes mundiais pelos seus «alarmismos sobre segurança» em relação à
IA e à decorrente destruição de empregos, enquanto exigia que o discurso nazi e
fascista permanecesse sem qualquer restrição online. A certo ponto, fez uma
piada reveladora, esperando uma reacção que nunca chegou: «Se a democracia
americana pôde sobreviver a 10 anos de repreensões da Greta Thunberg, vocês
conseguem sobreviver a uns meses de Elon Musk».O seu comentário ecoou os do seu
patrocinador, Thiel, igualmente infeliz no que toca ao humor. Em entrevistas
recentes, focadas nos fundamentos teológicos da sua política de
extrema-direita, o bilionário cristão tem comparado repetidamente a incansável
jovem activista climática ao anticristo — uma figura que, segundo alerta, foi
profetizada como trazendo uma mensagem enganosa de «paz e segurança». «Se Greta
conseguisse convencer todas as pessoas do planeta a andar de bicicleta, talvez
isso fosse uma forma de resolver as alterações climáticas, mas ela tem esta espécie
de tendência de saltar da panela para o lume», entoou Thiel.
Porquê
Thunberg, e porquê agora? Em parte, é claramente devido ao medo apocalíptico de
que a regulação venha consumir os seus super-lucros: segundo Thiel, a acção
climática sustentada na ciência, exigida por Thunberg e outros, só poderia ser
implementada por um «Estado totalitário», que ele reclama ser uma ameaça mais
grave do que o colapso climático (o mais perturbador é que os impostos nestas
condições seriam «bastante elevados»). Mas pode haver ainda algo mais em
Thunberg que os assusta: o seu compromisso inabalável com este planeta e com as
inúmeras formas de vida que o habitam — e não com simulações deste mundo
geradas por IA, nem com uma hierarquia
entre os que merecem a vida e os que não, nem com qualquer uma das várias
fantasias de fuga extra-planetárias que os fascistas do fim dos tempos estão a
tentar vender. Ela está comprometida em ficar, enquanto os fascistas do fim dos
tempos, pelo menos na sua imaginação, já abandonaram este reino, acomodados nos
seus refúgios opulentos, transcendendo para o éter digital, ou para Marte.
Pouco
depois da reeleição de Trump, uma de nós teve a oportunidade de entrevistar
Anohni, uma das poucas artistas que tentaram fazer arte em torno da pulsão de
morte que se apoderou deste mundo. Ao ser questionada sobre o que une a disposição
dos poderosos para deixarem o planeta arder e a sua ânsia em negar a autonomia
corporal às mulheres e a pessoas trans como ela, respondeu, convocando a sua
educação católica irlandesa: «É um mito muito antigo, o que estamos a
representar e a incorporar. Este é o culminar do seu Arrebatamento. Esta é a
sua fuga ao ciclo voluptuoso da criação. Esta é a sua fuga à Mãe».
Como
quebrar esta febre apocalíptica? Primeiro, ajudando-nos uns aos outros a
encarar a profundidade da depravação que tomou conta da extrema-direita nos
nossos países. Para podermos avançar com foco, devemos, antes de mais,
compreender este facto simples: estamos perante uma ideologia que desistiu, não
apenas do princípio e da promessa da democracia liberal, mas também da
habitabilidade do nosso mundo comum — da sua beleza, das suas pessoas, dos
nossos filhos, das outras espécies. As forças contra as quais lutamos fizeram
as pazes com a morte em massa. São traidoras deste mundo e dos seus habitantes,
humanos e não humanos.
Em
segundo lugar, contrapondo as suas narrativas apocalípticas com uma história
muito melhor, sobre como sobreviver aos tempos difíceis que se avizinham sem
deixar ninguém para trás. Uma história capaz de esvaziar o fascismo do fim dos
tempos do seu poder gótico e de galvanizar um movimento disposto a arriscar
tudo pela nossa sobrevivência colectiva. Uma história, não sobre o fim dos
tempos, mas sobre tempos melhores; não de separação e supremacia, mas de
interdependência e pertença; não de fuga, mas de permanência e de fidelidade à
realidade conturbada da terra em que estamos enredados e vinculados.
É
claro que este sentimento básico não é novo. É central nas cosmologias indígenas
e está no coração do animismo. Se recuarmos o suficiente, toda a cultura ou fé
tem a sua própria tradição de respeito pela santidade do aqui, e não pela
procura de Sião numa sempre distante e inalcançável terra prometida. Na Europa
de Leste, antes dos extermínios fascistas e estalinistas, o movimento
socialista judaico Bund organizava-se em torno do conceito iídiche de Doikayt,
ou «aqui-idade». Molly Crabapple, que escreveu um livro a ser brevemente
publicado sobre essa história negligenciada, define Doikayt como o direito de «lutar
por liberdade e segurança nos lugares onde viviam, em desafio de todos os que
os queriam mortos» — e em vez de serem forçados a fugir para procurar segurança
na Palestina ou nos Estados Unidos. Talvez o necessário hoje seja uma
universalização moderna desse conceito: um compromisso com o direito à «aqui-idade»
deste planeta doente, a estes corpos frágeis, ao direito de viver com dignidade
onde quer que estejamos neste planeta, mesmo quando os choques inevitáveis nos
obriguem a mover-nos. Esta «aqui-idade» pode ser portátil, livre de
nacionalismo, enraizada na solidariedade, respeitadora dos direitos indígenas e
sem fronteiras.
Esse
futuro exigirá o seu próprio apocalipse, o seu próprio fim do mundo e revelação,
embora de um tipo muito diferente. Porque, como observou a estudiosa do sistema
policial Robyn Maynard: «Para tornar possível a sobrevivência planetária na
Terra, algumas versões deste mundo têm de acabar». Alcançámos um ponto em que
temos de escolher não se enfrentamos um apocalipse, mas que forma ele assumirá.
As irmãs activistas Adrienne Maree e Autumn Brown abordaram recentemente esta
questão no seu podcast que oportunamente intitulam How to Survive the End of
the World (Como Sobreviver ao Fim do Mundo). Neste momento, em que o
fascismo do fim dos tempos está a travar guerras em todas as frentes, novas
alianças são essenciais. Mas, em vez de perguntar: «Partilhamos todos a mesma
visão do mundo?», Adrienne propõe uma outra pergunta: «O teu coração ainda bate
e tens planos de continuar a viver? Então vem connosco, e descobriremos o resto
no outro lado». Se queremos ter esperança no combate ao fascismo do fim dos
tempos, com os seus círculos de «amor hierárquico» cada vez mais restritos e
sufocantes, teremos de construir um movimento rebelde e de coração aberto
formado por amantes fiéis da Terra: fiéis a este planeta, aos seus povos, às
criaturas e à possibilidade de um futuro habitável para todos. Fiéis ao «aqui».
Ou, para citar novamente Anohni, desta vez referindo-se à divindade em que
agora deposita a sua fé: «Já paraste para pensar que isto pode ter sido a
melhor ideia dela?».
•
Naomi Klein
& Astra Taylor
Naomi Klein é
uma escritora canadiana, jornalista e colunista no The Guardian,
professora de Justiça Climática na Universidade da Colúmbia Britânica, autora
de obras como Doppelganger (2023), On Fire (2019), No Is Not
Enough (2017), This Changes Everything (2014), The Shock Doctrine
(2007) and No Logo (2000). Astra Taylor é uma escritora, organizadora e
cineasta canadiana, autora de obras como The People’s Platform: Taking Back
Power and Culture in the Digital Age (2014), diretora dos filmes Zizek!
(2005), Examined Life (2000), What
is Democracy? (2018).
Nota da edição
Este texto foi
originalmente publicado em inglês no The Guardian, a 13 de Abril de
2025, sob o título The rise of end times fascism,
assinado por Naomi Klein & Astra Taylor. A tradução portuguesa para o
jornal Punkto esteve a cargo de Paulo Ávila. Esta reflexão pode ser
complementada pela leitura de Trump: O Império da Tirania Imobiliária, de Alberto
Toscano e Brenna Bhandar, publicado em português no Jornal Punkto em Abril de
2025.
Imagem
Trionfo della
Morte, Anónimo, c. 1446
Ficha técnica
A Ascensão do Fascismo do Fim dos Tempos • Naomi Klein & Astra Taylor
Data de
publicação • 04.06.2025
Edição #43 • Inverno-Primavera 2025