A arte da política em arquitectura • Entrevista a Santiago Cirugeda por José Capela




Nos últimos 15 anos, as tendências da prática da arquitectura parecem ter passado de errado para errado. A arquitectura do designado star system assentava na busca da “forma exótica para a fotogenia”: tudo aos quadrados, tudo aos bicos, tudo às ondas… – uma concepção da “arquitectura enquanto arte” própria do tempo das Belas Artes, alheia, por exemplo, à invenção do ready-made há 100 anos.
A falência deste paradigma esteve associada ao surgimento de um outro, eticamente mais pertinente: a arquitectura posta ao serviço da acção social. É uma ideia, em si, louvável. Mas é uma ideia de arquitectura que não garante qualquer tipo de relevância artística. As boas intenções sociais não têm nada a ver com arte, e não existe arquitectura sem arte.
Este é um fenómeno que não é exclusivo da arquitectura. Vivemos um tempo perigoso em que as práticas artísticas parecem ter de ser justificadas por motivos não artísticos. Servem para salvar desfavorecidos, fazer documentários, salvaguardar memórias, contrapor a geopolítica… Está tudo certo, mas não é isso que faz da arte. Pelo contrário, o que esta conjuntura impõe à arte é a necessidade de ela se justificar de modo utilitarista, ou positivista – ou seja, o contrário daquilo que a arte é: um território de especulação livre, e eventualmente transgressiva. Vivemos uma espécie de ditadura do virtuosismo moral.
Porque digo tudo isto para apresentar Santiago Cirugeda? Porque na sua obra – notável – não se distingue política e arte. O seu modo de agir transforma o mundo num sítio melhor, inventa modos de fazer artisticamente relevantes e, muitas vezes, torna instáveis os contornos do nosso entendimento daquilo que é arquitectura. “Ideologia” passa assim a ter implicações que vão, de um posicionamento face aos factores políticos que condicionam a prática do projecto, até aos valores que determinam disciplinarmente o que é a qualidade desse projecto, ou à própria definição de projecto. E tudo com imaginação.
José Capela


José Capela
Como retratarias o momento presente que a arquitectura está a viver? Em termos históricos o que é que caracteriza a arquitectura hoje em dia?

Santiago Cirugeda
Penso que uma das mudanças mais importantes é o facto de hoje haver mais informação. Teoricamente isso deveria significar mais ferramentas de controlo. Apesar de tudo, nestes últimos anos de crise e de degradação social, essa arquitectura que, durante muito tempo e com gastos excessivos, foi vendida como fashion pelo mercado tem estado sujeita a mais regulação; apesar de não ser ainda suficiente. A arquitectura deveria ser um processo muito mais transparente e controlado publicamente, tal como acontece hoje com os Bancos. Não se constrói cidades sem arquitectos. E a arquitectura hoje deveria ser muito mais uma ferramenta de verificação e controlo do que meramente de desenho. O desenho é uma coisa anedótica que reflecte toda uma época. Podemos perguntar: necessitamos de outra Zaha Hadid? Talvez seja necessária como ícone de uma época, num exercício puramente formal. Mas, obviamente, este tipo de abordagem não deve impedir outro tipo de arquitecturas e o desenvolvimento de outras capacidades. Claro que pode-se ser arquitecto e desenhar para uma construtora, seguindo as suas regras e as regras da cultura arquitectónica vigente. Mas fica-se por aí. Ora, a arquitectura tem muitas outras ferramentas. Intervém em políticas, como por exemplo as políticas educativas. Se mudamos o modelo físico de escola, mudamos o modelo educativo. Aliás, muitas vezes o modelo educativo é mais avançado que a própria arquitectura das escolas. Noutros programas, como os da Saúde (onde os espaços são muito funcionais e específicos), arquitectura não tem tido a capacidade que sempre teve de acompanhar os modelos. A arquitectura deixou de desenvolver certas capacidades que sempre lhe pertenceram. E não se trata simplesmente de arquitectura social ou de uma arquitectura que tem uma função social, como um direito que regula todas as leis da sociedade. Não. A arquitectura deve ter um maior protagonismo no controlo do público e do privado. O que acontece, como somos todos humanos, é que uma grande parte dos projectos de arquitectura continua a repetir padrões de ordem, onde o humano acaba por ser condicionado, reduzido. Para mim, o projecto é bom quando os seus agentes participantes são criativos e livres de decidir, sejam funcionários públicos ou outros. Os projectos são bons quando todos os agentes desenvolvem essa capacidade. Se o arquitecto municipal for um agente criativo, no momento em que desenvolve o contrato ou o concurso de contratação de uma construtora pode obrigá-la, por exemplo, a ter um psicólogo que acompanhe o processo ou a incluir a população e os habitantes. Estes sentem-se mais livres e fornecem mais-valias. A burocratização da arquitectura limita imenso a sua capacidade. O pequeno arquitecto invisível foi aquele que mais impulsionou a construção de casas de má qualidade e em grande quantidade. O que levou a um colapso da arquitectura e do território. Perdemos aquilo que deveria ser a arquitectura e há que recuperar uma maior participação dos agentes da arquitectura.



José Capela
Então, sendo assim, como é que pode entender-se o que é artístico na arquitectura agora?

Santiago Cirugeda
A arte não tem disciplina. Não pode esgotar-se e surge nos sítios mais inesperados. Ela inclui um conteúdo estético que é muito importante mas nem sempre o mais importante. A arquitectura tem sempre a capacidade de ser arte. Às vezes uso-a conscientemente, outras vezes não. Por exemplo, a intervenção que fizemos numa escola pública em Medellín, na Comuna 13, poderia ser uma peça artística, mas devido às necessidades urgentes e ao debate social e político que envolveu, o nível de exigência estética foi-se diluindo necessariamente. Mas sim, a arquitectura tem essa capacidade.

José Capela
Normalmente, por tradição, a arte na arquitectura está associada à questão da forma, como se estivéssemos a fazer uma escultura. Mas tu entendes que a maneira de inventar o processo e a maneira como as pessoas trabalham também pode ser uma matéria criativa e artística, não?

Santiago Cirugeda
Há muita arte que é relacional. Há muita arte que é política. Sobretudo acrescentando a componente do processo. É que muita da arte ultrapassa a arquitectura. Ela não deveria estar regulada por leis ou condicionada por um capital importante. Uma escultura do Jeff Koons custa dinheiro, mas um edifício ou uma casa custam mais. Tem um vínculo ao legal, ao económico, ao território. A arquitectura é sempre mais perene. Uma obra de arte pode ser desmontada, mas um edifício geralmente é definitivo. A arquitectura aproxima-se da arte também nessa dimensão relacional. Nela está presente um processo de criação colectiva, de “empoderamento”, onde não está em causa a afirmação de uma personagem mas de um processo. E aí essa capacidade não se perde.

José Capela
Ultimamente tens trabalhado em vários sítios do mundo. O que é que os sítios onde tu trabalhas podem dizer sobre o teu trabalho? Eles parecem revelar uma geopolítica…

Santiago Cirugeda
Sim, há uma coisa fundamental e que está a mudar nos últimos anos. Eu tenho ido à América latina por causa dos movimentos que têm surgido por lá, mas não tenho construído. Colaborei na mudança da lei no Paraguai, criei uma rede colectiva, isto é, tenho ajudado as pessoas que estão lá, até de um ponto de vista afectivo, como na Colômbia onde vou dar uns abraços, um pouco de alegria, beber uns copos e…apoio técnico. Nestes países o Estado não pode dar o mínimo e as políticas são muito distintas, porque não há capacidade económica para oferecer habitação, escolas, nem mesmo um nível mínimo de educação. Então a cidadania organiza-se e faz esse papel, criando bairros precários, mal construídos, escolas precárias, trabalho informal, educação de rua. Mas, com isto, criaram uma cidadania muito mais activa do que, por exemplo, em Gotemburgo. Gotemburgo é uma cidade do Norte da Europa que parece ser o futuro, mas eu não acredito nisto. Penso que este não é um modelo. Os habitantes têm um horário de trabalho intenso e impostos muito altos e, em contrapartida, têm um estado muito forte que lhes dá tudo. O Estado usa o dinheiro das pensões para investir na bolsa e consegue sempre aumentar o capital dos pensionistas – isto nunca aconteceria em Espanha, onde o dinheiro das pensões é normalmente utilizado para “tapar buracos”. Mas os cidadãos do norte da Europa têm vindo a dar-se conta que, apesar de terem muitos apoios sociais, falta-lhes uma parte básica do social que não é o Estado. Isto é, querem ser protagonistas, participar no modo de fazer as coisas. Num projecto que fizemos em Gotemburgo apareceram directores de empresas, advogados…e um arquitecto (só um!), pessoas que nunca tinham tido a possibilidade de fazer algo em comum.
No outro dia tinha uma discussão com um editor que dizia que temos que trabalhar, trabalhar para todos e defender o trabalhador, ou seja, dizendo que se todos trabalharmos o Estado seria melhor. E eu respondi que se eu trabalho mais e sou melhor que tu, então eu ganho mais. E aqui muda o discurso. Por exemplo, no outro dia discutíamos uma outra forma de trabalhar: em vez de trabalhar oito, nove ou dez horas, para que o Estado tenha mais receitas e seja mais forte, porque não trabalhar seis horas, cobrar menos e deixar a parte social a nosso cargo? O que aconteceria ao Estado neste caso? Sendo participativo, eu prefiro estar duas horas a trabalhar na comunidade (a fazer a escola do meu filho, por exemplo) do que a fazer algo que não gosto, ou a trabalhar num escritório. Porque não diversificarmos o trabalho? A parte do trabalho que temos que fazer é aquela que decidimos fazer. Escolas, hospitais, espaços públicos, as ruas. Essa é uma questão que temos agora.
Na minha opinião os países mais avançados e com Estados mais fortes são os que têm uma cidadania mais débil e, em contrapartida, os Estados mais fracos têm uma cidadania muito mais forte. Deveria haver um equilíbrio entre estas duas partes. Não queremos um Estado que só nos dê o mínimo, mas queremos também cidadãos que sejam participativos. E isto não tem que ser para toda a população, mas para dez ou vinte por cento. Tem é que haver essa possibilidade. Isto para mim é muito claro.



José Capela
Se pudesses ter uma encomenda de um trabalho, que fosse o trabalho ideal para ti, o que é que gostavas que te encomendassem?

Santiago Cirugeda
Já o tenho! Bem, falando agora menos idilicamente. Não penso que seja assim tão bom. Geralmente chamam-me quando um grupo de pessoas, uma associação ou um colectivo esgotou todas as hipóteses de comunicação com as instituições públicas. Por exemplo: oito anos à espera de uma cantina, seis anos à espera de uma escola, salas de aula na universidade, um centro cultural como o La Carpa em Sevilha. Ou seja, situações em que o debate dos cidadãos com as instituições públicas não deu em nada. E isso é bastante intenso. Tu podes dizer: sim, pode-se construir. Mas isso implica que se mude a mentalidade dos técnicos que dão as licenças, que estes admitam integrar pessoas que nunca pensaram que pudessem trabalhar nesses projectos, já que a responsabilidade é pública e não da cidadania.
O trabalho ideal seria aquele em que não tivessem que me chamar. Não têm de ser esses grandes projectos que não fazem falta a ninguém. Eu tenho admirado o empenho que as pessoas têm tido neste momento de crise e de mudança. Por exemplo, em Sevilha [Plataforma Pro-Comedor del Colegio Público Europa] são as mães que me ligam constantemente. Há setecentos pais e crianças que querem começar as intervenções, que têm avançado lentamente por causa das negociações com a tutela. Neste grupo enérgico há todo o tipo de pessoas: picheleiros, pintores, arquitectos, donas e donos de casa. É a representação de uma sociedade que quer fazer alguma coisa, que tem muita força. Agora, os encargos são idílicos. Nem o grupo quer que o façamos gratuitamente, nem nós o devemos fazer. O problema é também económico. Mas neste momento a tutela acabou por aprovar a primeira escola autoconstruída em Espanha da época moderna e, com apoio Europeu, suportam todos os custos. Com certeza seria mais cómodo se a autarquia tivesse disponibilizado as verbas desde o início, mas foi bonito que o grupo se organizasse.
Com o acesso a estas verbas idílicas o mundo seria um pouco melhor. Depende apenas de nós próprios. Há uma pessoa que conheci em Paris, chama-se Roger Katan, e tem um livro escrito há 25 anos, e que foi agora traduzido para inglês, chama-se “Building Together”. O New York Times chegou mesmo a escrever que o Mayor de Nova Iorque o devia comprar. Ele escreve um pouco acerca destas coisas que eu falo, apesar de só agora o ter lido. Refere que há muitos impedimentos políticos e que há uma condição humana que se repete. Estamos a falar do mesmo, que tudo poderia ser um pouco melhor. Mas os anos passam e as coisas não melhoram, inclusivamente pioram, com a emigração e os conflitos actuais. Ele diz que nos devemos antecipar a um desastre que irá ocorrer. Que de cinquenta em cinquenta anos houve sempre um tsunami e que vai haver outro em breve. Há que preparar as casas, algo que nem sempre acontece. No fundo, irão sempre existir condições de precariedade na humanidade. É como nos concursos públicos: são sempre dirigidos a um grupo amplo, mas não são dirigidos a todos. Há sempre aqueles que não estão a ser servidos por estes concursos. O trabalho perfeito continua a ser aquele projecto onde as pessoas são mais humanas. Sendo a base da condição humana a sociabilização e sua capacidade de trabalhar em comum. Com pouco dinheiro, mas enfim….



José Capela
O teu discurso é sempre muito político. Se fosses um político o que é te faria ter mais saudades de ser arquitecto?

Santiago Cirugeda
É claro que sou um ser político. Agora, se me falas de um político de um partido eleito, eu penso que nunca conseguiria ser tal coisa. Já tive vários convites, do Podemos, do Partido Comunista e do PSOE. O que é mais interessante é que eu nunca seria um político eleito. Nunca. Porque eu já faço política de outra forma, por fora. Ou seja, não uma política partidária, mas uma política cultural, educativa, artística... De alguma maneira vigiando e colaborando. O que não significa atacar a política oficial, mas ir acompanhando-a. Se o fazem mal…cabrões! E se não sabem fazê-lo, fazemo-lo juntos e eu dou as ferramentas. Quando digo eu, refiro-me à rede e às pessoas que fazem o mesmo que eu. A entrevista é a mim mas há mais pessoas que falam como eu. Neste momento, provavelmente, vigio mais o Podemos ou os partidos mais à esquerda, porque o discurso é-me mais próximo, mas tecnicamente ainda não estão preparados. A direita faz de uma forma diferente. Por exemplo, em Barcelona, a direita abriu os “solares” (terrenos ocupados ilegalmente) à comunidade. Mas sãos uns cabrões porque fizeram-no apenas para salvar as aparências - porque de quatro em quatro anos há sempre milhares de pessoas interessadas nestes espaços. Na realidade a direita não acredita que estes espaços funcionem. A polícia ocupou estes espaços e os anarquistas em Barcelona negaram-se mesmo a serem levados pela Câmara. Eles foram perseguidos e presos e agora o mesmo governo decide abrir estes terrenos para a cidadania. Mas, então, deveriam soltar e acabar com as multas aplicadas a estes cidadãos! Se um partido é opressor e depois muda radicalmente, o que é bom, deveria adoptar medidas de compensação pelos danos causados. Vigiar a política é isto. Se o FIU (direita Catalã) abre os solares porque acredita na comunidade, não pode dar um mas quatro anos no mínimo para nos organizarmos. Mas isto eles não o fazem porque na realidade não acreditam nestes projectos e contam, sim, vender estes terrenos ao fim de um ano. Há que vigiar as políticas, tentar que elas mudem. E se isto não acontecer fazermos as nossas próprias políticas.

José Capela
E o que achas do modo como a arquitectura se tem aproximado dos temas da "ecologia" e da "sustentabilidade"?

Santiago Cirugeda
Quando há um desenvolvimento e uma consciência pessoal e colectiva em algo, a única coisa importante é cuidá-la. Se as pessoas são activas, se pensam, se são criativas e livres, chegará sem dúvida o tema da ecologia. É óbvio que somos natureza e temos que defender o que é natural, sim. Mas o ser humano tem essa condição de transformar coisas. A mim dá-me pena quando vou a um país europeu ou qualquer outro país culturalmente avançado, e digo: vim ao mundo para quê? Há países mais avançados socialmente, não de ajudas sociais, mas sim socialmente mais preparados para resolver qualquer problema, que reduzem a vida e o ser humano a uma simples questão do conforto. A social-democracia tende a ficar absolutamente entediante! O homem é um ser que se fez caçando, construindo, alimentando, criando comunidade, criando religião, criando línguas, criando arte, criando sociedade, criando política. A social-democracia tende a paralisar tudo. É a Suécia o futuro? É isso o futuro da humanidade? Não creio. Ou seja, de que me serve trabalhar nove horas num trabalho especializado e sectorizado para uma comunidade (por exemplo a montar pneus para carros) se estas horas anulam essa parte onde eu desenvolvo o mais humano da minha vida? Primeiro a sustentabilidade social e humana. A sustentabilidade ecológica também é importante, mas vem depois.




Santiago Cirugeda
Arquitecto, nasceu em 1971. A sua actividade tem sido marcada pelo desenvolvimento de projectos subversivos em contextos urbanos reais, que vão desde a ocupação sistemática do espaço público à construção de “próteses” em fachadas, pátios e coberturas. Negoceia ocupações legais e ilegais com o objectivo de chamar a atenção para o controlo permanente a que estamos sujeitos na nossa vida quotidiana. Actualmente trabalha com autoridades locais para implementar novos tipos de habitação para pessoas com carências económicas e modelos alternativos para centros socioculturais. Este é um trabalho desenvolvido diariamente com o escritório Recetas Urbanas, fundado em 2004. Escreve regularmente e tem vindo a participar em workshops, seminários, exposições e cursos em universidades.

Notas da edição
A entrevista a Santiago Cirugeda foi conduzida por José Capela a 7 de Novembro de 2015, aproveitando a conferência que Santiago Cirugeda realizou no Teatro Rivoli, Porto, no âmbito conjunto do programa “Happy Together” da Mala Voadora e do Fórum do Futuro. O texto introdutório de José Capela foi escrito para a apresentação do arquitecto sevilhano nessa mesma conferência. A transcrição e a tradução da entrevista foram feitas por Manuel Rocha e Pedro Bismarck.

Imagens
Imagem de capa: Ponte guapo Isidoro, Sevilha, Recetas Urbanas, 2012
Imagens 2,3,4: recortes de notícias das intervenções de Cirugeda em Sevilha, via Spatial Agency Database.
Imagem 5: Cartaz do programa Happy Together organizado pela Mala Voadora no âmbito do Fórum do Futuro 2015, cujo tema foi a “Felicidade”.

Ficha Técnica
Data de publicação: 25.05.2016
Etiqueta: Arquitecturas \ Espaços; Santiago Cirugeda, José Capela

Imprimir